Novos estudos sobre a origem do cristianismo estariam surgindo, e uma nova visão sobre o que realmente aconteceu, baseado em fatos cientificos estaria mudando muitas certezas históricas.
Pesquisadores na area de historia, ciencia das religioes, arqueologia, teologia, filosofia, sociologia de renconhecida competencia estariam procurando instituir um lugar de dialogo entreasdiferentes abordagens historicas ás origens do cristianismo.
Luiz Felipe Ribeiro, professor de pós-graduação em história do cristianismo antigo da Universidade de Brasília (UnB), que está concluindo seu doutorado na Universidade de Toronto (Canadá), estaria levantando uma teoria polêmica, a de que os evangelhos não teriam sido escritos pelos conhecidos autores (Mateus,Marcos, Lucas e João).
"Inconsistências e contradições deixam claro que nenhum de seus discípulos originais sentou-se pessoalmente para escrever uma biografia de Cristo. "
"O que está claro é que os títulos que temos são um fenômeno editorial, que veio mais tarde, estes títulos demoraram para aparecer no corpo do texto. Os primeiros papiros com a fórmula atual para os títulos -- 'Evangelho segundo Marcos' ou 'Evangelho segundo João', por exemplo -- são de meados do século 3 [mais de 150 anos depois da data em que os textos teriam sido escritos]."
De acordo com Ribeiro, os estudos sobre como os livros da época recebiam seus títulos e atribuições de autoria também revelam que essa fórmula é curiosamente única dos Evangelhos; nenhum copista anterior teria pensado em falar da "Ilíada segundo Homero", por exemplo.
"É muito improvável que essa mesma maneira de designar os textos surgisse de forma independente em quatro deles ao mesmo tempo. Por isso, tudo indica que se trata de uma mudança na maneira como os Evangelhos passaram a circular naquela época", diz ele.
A primeira referência a quatro Evangelhos escritos pelos autores que conhecemos tradicionalmente -- Mateus, Marcos, Lucas e João, nessa ordem -- vem do bispo Ireneu de Lyon, escrevendo por volta do 190. No começo do mesmo século, outro bispo, Papias (cuja obra original não sobreviveu, mas acabou sendo citada por escritores cristãos posteriores), menciona apenas Mateus e Marcos.
A poucas décadas de "distância" dos apóstolos originais, Papias até parece dispor de informações mais confiáveis. Ele se refere a Mateus como uma simples coleção de ditos de Jesus (logia, em grego), escritos originalmente em aramaico.
O Mateus que conhecemos é uma narrativa, e o texto que temos parece ter sido composto diretamente em grego.
Já Marcos (falava grego) seria o secretário ou intérprete de Pedro (que falava aramaico), o qual teria anotado ("de forma desordenada", diz Papias), as pregações deste. O Evangelho de Marcos que conhecemos é uma narrativa altamente estruturada, sem sinal de desordem.
Os mais antigos manuscritos do Evangelho de Marcos terminam de forma meio abrupta, no versículo 8 do capítulo 16. O relato se encerra com Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé indo ao sepulcro de Cristo. Lá, porém, encontram a tumba aberta e um misterioso rapaz de roupas brancas dizendo que Jesus tinha ressuscitado. As mulheres, então, fogem assustadas, "e nada diziam a ninguém, porque temiam".
O mais provável é que, mais tarde, foram adicionados os versículos de 9 a 20.
Continua amanhã.
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