quarta-feira, 16 de julho de 2008

Cântico dos Cânticos celebra paixão entre namorados


O Texto mal menciona Deus, mas passou a ser interpretado como símbolo do amor divino.
Os oito capítulos do Cântico dos Cânticos estão cheios de sensualidade e erotismo, descrições apaixonadas do corpo de dois jovens amantes, insinuações do ato sexual -- e uma única menção, que soa quase como nota de rodapé, ao nome de Deus. Como explicar, então, seu status nas Sagradas Escrituras judaico-cristãs?
Expressão hebraica que significa algo como "o maior dos cânticos" ou "o mais belo dos cânticos.
"Houve muitos debates sobre a canonicidade dele [ou seja, sobre sua inclusão no cânon, ou conjunto oficial, da Bíblia]. No fim das contas, os rabinos acabam aceitando o livro, o último a ser incluído no cânon hebraico"
As versões que conhecemos do livro trazem uma espécie de rubrica original, dizendo que o livro é "o Cântico dos Cânticos de Salomão", rei de Israel que viveu por volta do ano 950 a.C., mas a maioria dos estudiosos modernos concorda que essa atribuição é fictícia.
Na Antigüidade era comum que alguns textos fossem atribuídos a personagens famosos, seja por representar uma continuidade dos seus ensinamentos ou por fazer alusão a momentos marcantes de sua vida ou da lenda gerada por eles", explica Humberto Maiztegui Gonçalves, doutor em teologia bíblica e clérigo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
Apesar da referência aparentemente fictícia ao sábio Salomão, há no texto uma rápida menção à cidade de Tirza, que foi capital do Reino de Israel, ou Reino do Norte, uma das duas monarquias nas quais teria se dividido o território israelita após a morte de Salomão, por volta de 900 a.C. O interessante é que Tirza foi capital durante um brevíssimo período de tempo, logo após a separação dos reinos, o que pode indicar que ao menos parte do poema remonta a quase nove séculos antes de Cristo. No entanto, também há sinais, no hebraico do Cântico, que o texto foi retrabalhado após a destruição de Jerusalém pelos babilônios (século 6 a.C.), ou até perto do período grego, uns três séculos mais tarde.

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