Fonte
sexta-feira, 27 de julho de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
"E sereis um ..."
Esta escultura de Stephen Broadbent, encontra -se nos claustros da
catedral de Chester, na Inglaterra. Intitula-se “Água da Vida”. É um
bronze com cerca de três metros de altura e data de 1994.
Representa a Samaritana dando de beber a Jesus Cristo. Se bem
recordarmos, S. João não refere tal pormenor, mas é bem possível que
tivesse acontecido. Seria o desenlace normal de todo o episódio. Da
narrativa evangélica o escultor apenas recolhe a posição sentada de
Jesus Cristo, uma posição de quem se sente cansado e pede de beber. Por
isso a Samaritana lhe oferece água numa taça. Trata-se, portanto, de uma
interpretação que foge à letra da narrativa evangélica. Com efeito, de
acordo com o relato evangélico, a Samaritana não satisfaz imediatamente o
pedido de Cristo. Coloca objecções, contesta a possibilidade de Cristo
ser maior que Jacob que tinha aberto aquele poço.
Apesar de fugir à letra da narrativa, o artista capta o essencial do episódio através da própria estrutura e composição da obra.
Detalhe das mão se tocando
Chama imediatamente a atenção a forma curvilínea das figuras, unidas
pelos pés. Foram os passos de ambos que permitiram o encontro salvador.
Por outro lado, a Samaritana concentra-se totalmente em Jesus Cristo.
Toda se vira para Ele. Quase lhe toca o rosto num gesto de imensa
delicadeza e ternura. Está fascinada, numa atitude que bem poderíamos
definir como de êxtase místico. A posição em que foi esculpida, curvada
de um modo que parece quase impossível na realidade, sugere que, mais do
que o corpo, é a alma que totalmente se inclina para Jesus Cristo, como
se estivesse a ponto de o beijar. Ela acaba de descobrir que tem diante
de si um homem excepcional, alguém que soube conquistar completamente a
sua atenção e o seu afecto. Era isso, precisamente, o que pretendia
Jesus Cristo: o amor daquela que, como todo o ser humano, precisa
vitalmente de Deus, como o nosso corpo e toda a natureza viva precisa de
água. O amor de Deus é que é a água da vida.
A escultura é abstractizante, acentuando o simbolismo do episódio
evangélico. Mas, se olharmos com atenção, para além da água, vemos
também o poço. Encontra-se não apenas sugerido pela base em que assenta a
escultura, mas também pela linha curva desenhada pelas figuras,
voltadas uma para a outra.
Luís Silva Pereira, Professor de Iconografia (EAC’s – FacFil)
Esta escrito
o artista gravou as seguintes palavras ditas por Jesus: o
que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Pois, a água que eu
lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até à vida eterna (Jo 4, 13-14).
Os dois flutuam sobre as águas do poço, tal como o Espírito de Deus pairava sobre as águas (Gn 1,2), voltam-se para o início dos tempos num potencial e bonito ósculo (beijo místico) recuperando a Fé (fides) e a Verdade (veritas). Perguntamos: Não será isto/este o verdadeiro Amor, daquele que nos quer oferecer? A verdadeira vida, a vida eterna?
Viva o dia de Maria Madalena!
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Jesus e a Samaritana
Este afresco é, muito provavelmente, a mais antiga representação da
Samaritana. Encontra-se nas catacumbas da Via Latina, em Roma, e pode
datar-se do século IV.
Como se pode verificar, a Samaritana apresenta um ar muito jovem.
Enverga túnica um tanto curta que deixa ver ainda um pouco da canela.
Calça botins, usa brincos e tem cabelo abundante, bem penteado. É uma
figura citadina. Com a mão esquerda segura a corda atada a uma ânfora,
gesto de quem se prepara para tirar água do poço.
Jesus Cristo, por seu lado, calça sandálias e veste túnica e palio, à
maneira dos romanos. O cabelo é curto, os olhos igualmente expressivos.
Faz o gesto de quem pede de beber ou afirma qualquer coisa.
poço abre-se entre as duas figuras, constituindo como que o centro da
conversa e da pintura. Mais parece um dólio, grande recipiente bojudo,
de terracota, onde se guardava o vinho ou o azeite.
Não deixa de ser interessante a presença de um rochedo, do lado direito
da pintura. Ele poderá evocar aquele de onde Moisés tirou a água para
matar a sede dos israelitas, no deserto, prefiguração das águas
salvadoras de Cristo.
Cristo é o Messias esperado, aquele que os profetas e os grandes
patriarcas prefiguravam. A existência, nesta catacumba, de várias outras
cenas do Antigo Testamento, todas de sentido cristológico, poderia
levar-nos a pensar que a pessoa, ou a família, ali sepultada fosse de
origem judaica, embora convertida ao cristianismo, e que o pintor
estivesse a chamar a atenção para o facto de Cristo vir concretizar as
promessas da antiga Lei.
Luís Silva Pereira, Professor de Iconografia (EAC’s – FacFil
sexta-feira, 13 de julho de 2012
sexta-feira, 6 de julho de 2012
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